Os melhores discos de 2017 segundo o jornalista Eduardo Silva

Confira a lista do jornalista, músico, compositor e baterista do grupo Conflito, Eduardo Silva:

1. Steven Wilson - To The Bone (Caroline)

Possivelmente um dos lançamentos mais surpreendentes do ano. Estabelecendo uma oposição definitiva às origens da sua carreira e às expectativas de fãs mais tradicionais, Wilson experimentou com esse disco um mergulho curioso no universo da música pop. Refrões marcantes, inserções eletrônicas, arranjos que sugerem ao ouvinte encontros harmoniosos entre sucessos de diversas décadas (como o próprio SW destacou, em seu perfil no Youtube, ao descrever a música "Permanating" como um encontro entre ABBA e Electric Light Orchestra produzido pelo Daft Punk).


Mas toda essa abordagem mais ''acessível'' está longe de representar ''menos profundidade''. O ex-líder do Porcupine Tree fez questão de manter intacto (e ainda mais sofisticado) o conceito orgânico de ser parte de uma banda. Uma álbum moderno, versátil e impactante de um artista que, confessadamente, se reinventa a cada disco e consolida sua carreira solo.

2. He Is Legend - few (Spinefarm)

A despeito do pouco reconhecimento no mainstream, o quarteto veterano da Carolina do Norte (EUA) chega um disco forte, repleto de referências e bem mais descolado de suas origens no hardcore/screamo. Com sonoridade mais densa e sombria, a banda, representada na imagem do vocalista Schuylar Croom, marca cada vez mais sua presença nos cenários mais criativos e modernos de som pesado. Few é ótimo para os ouvidos menos ''conservadores''.

3. Project 46 - TR3S (Independente)

Levei tempo pra conhecer mais profundamente essa banda e, a cada lançamento, uma surpresa incrível. Terceiro disco e terceiro exemplo de como uma banda de metal nacional busca se inovar diante de um cenário tão pouco ousado no tempo e no espaço. TR3S traz mais vocais melódicos que seus antecessores e pode ajudar a abrir novas portas pra quem se arrisca a fazer um som mais pesado em território brasileiro.
4. Blackfield - V (Kscope)

Mais uma vez, Steven Wilson mostra que está longe de se acomodar com sua já extensa discografia. O projeto paralelo, formado em parceria com o israelense Aviv Geffen em 2004, conta com a colaboração de ninguém menos que Alan Parsons na produção e volta a presentear seus fãs com treze canções obedientes às temáticas e vibrações mais introspectivas/melancólicas dos discos anteriores.


Uma ótima recomendação pra quem se interessa por uma abordagem musical profunda e visceral das mais diversas emoções humanas.

5. Far From Alaska - Unlikely (Elemess)

Banda e disco que dispensam quaisquer comentários. De Natal-RN pro mundo, o FFK chutou para longe a ''pressão-de-segundo-disco'' e apareceu com peças de virar qualquer um do avesso. Arrisco dizer que a Emily Barreto (vocalista) carrega consigo o potencial e a personalidade típicas de quem deve se tornar uma das maiores vocalistas do país. Transcendendo qualquer gênero ou tribo, Unlikely representa peso conceitual e é pra se ouvir de ouvido e peito abertos.
6. Mastodon - Emperor of Sand (Reprise)

Banda recomendada a mim pelo responsável por este site, o Mastodon, que já provou ser uma daquelas bandas responsáveis pela quebra dos paradigmas e caricaturas inerentes à cena metal, chegou um disco que mantém a ordem do dia: ir além do esperado. A riqueza de arranjos e diversidade de vozes traz a vibe policromática dos americanos à tona de novo, o que torna a recomendação ainda mais (e felizmente) difusa em termos de público. Destaque especial para o clipe de "Steambreather".
7. Royal Blood - How Did We Get So Dark? (Warner Bros.)

O duo britânico de ascensão quase supersônica e que deixou muita gente de boca aberta durante a apresentação no Rock in Rio de 2015 não fez feio no seu segundo disco. Apadrinhados pelo baterista do Arctic Monkeys, Matt Helders, os caras dão seguimento em uma formação arriscada, que dispensa músicos auxiliares e guitarra numa linguagem de rock 'n roll repaginado e autêntico, costurando uma linha que une garage rock, stoner e alguns elementos mais sutis da sonoridade indie. Haja peito e atitude, vida longa ao Royal Blood!

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