Os melhores discos de 2014 segundo Denis Moreira

Segue a lista do jornalista, músico, e o mais antigo do colaborador desse blog, Denis Moreira. Clique e confira logo abaixo:


1. Foo Fighters  Sonic Highways (RCA Records)

Claro que a criatividade que envolve todo o projeto ajuda, mas o disco novo do Foo Fighters não estaria nesta lista se não correspondesse. OK, não chega a ser um There's Nothing Left To Lose, até hoje o melhor deles, mas o CD oscila entre músicas boas (Subterranean, The Feast and the Famine) e MUITO boas (Outside, In the Clean, Congregation). Num ano em que nenhum novo Revolver - ou, para ser mais atual, um Back to Black, vai - foi lançado, Sonic Highways merece entrar na lista dos dez melhores. 
2. U2  Songs of Innocence (Island Records)

Não esperava mais nada do U2. Fiquei mais pé atrás ainda com a polêmica envolvendo o lançamento do disco no novo iPhone ("ó lá eles querendo ser hipsters", pensei). Mas fui vencido pela curiosidade, ainda bem. É o melhor CD deles desde Achtung Baby. É variado, sem músicas ruins, e com pelo menos duas músicas que fazem jus ao melhor que a banda já fez: Raised by Wolves e California. Bem bom. 
3. Slipknot  .5: The Grey Chapter (Roadrunner Records)

Ouvi todos os discos anteriores do Slipknot e nenhum me pareceu tão coeso quanto o novo. A saída do baterista Joey Jordison, sinceramente, não fez a menor diferença. As músicas ora lembram a fase mais antigona (e, ahn, "brutal") de Iowa ora lembram os arranjos mais elaborados dos álbuns posteriores. Foi uma volta em grande estilo. 
4. Jack White  Lazaretto (XL Recordings)

Vamos admitir que o disco anterior de Jack White era melhor. Mas, em se tratando de um dos nomes mais inventivos do rock atual, isso não chega a ser um problema. Neste CD, os arranjos têm maior influencia do country, inclusive com o uso do violino fazendo solos em vez da guitarra. É um disco coeso e inteligente. 
5. Pharrell Williams  G I R L (I Am Other/Columbia Records)

Não é fácil ser o grande destaque black de um ano em que o gênio Prince volta à ativa, mas Pharrell Williams conseguiu. Em seu disco solo, o rapaz empregou os seus múltiplos talentos - é compositor, cantor, baterista e produtor, tendo criado hits para Snopp Dogg, Justin Timberlake e vários outros - em prol de um repertório ao mesmo tempo eclético e coerente. Tem soul "das antigas", dos anos 80, hip hop e pitadinhas de rock, reggae e outros estilos, sem nunca soar falso. E fez o maior hit do ano: a ótima (ei, você enjoou, mas é boa!) Happy. 
6. The Pretty Reckless  Going to Hell (Razor & Tie)

The Pretty Reckless é a banda de rock de Taylor Momsen, ex-atriz de Gossip Girl. E, se você ouviu o primeiro disco deles, tem razão de achar que a banda seria apenas uma tentativa forçada da moça de parecer roqueira: as músicas se resumiam a uma reprodução de clichês de hard rock com um toque moderno e um pé no pop, algo como cruzamento de Mötley Crüe, Muse e Miley Cyrus. Mas esse disco... Quanta diferença! O som ganhou profundidade, arranjos inventivos e um show da vocalista, que está cantando demais. Vale a pena. 
7. Adrenaline Mob  Men of Honor (Elm City Music)

A saída do baterista Mike Portnoy, por incrível que pareça, melhorou o som do Adrenaline Mob. No segundo CD, a banda ficou mais direta e pesada, com arranjos "retos" que só favoreceram o gogó privilegiado de Russell Allen e a guitarra virtuosa - ele devia ser mais comentado! - de Mike Orlando. O Adrenaline também permitiu variar mais o som: o groove metal continua lá, mas o álbum também tem hard rock e duas baladas matadoras, incluindo a farofeira (no bom sentido!) Behind These Eyes, a música que o Bon Jovi não faz há umas duas décadas. 
8. Manic Street Preachers  Futurology (Columbia Records)

O Manics, como é chamado pelos fãs, deu uma de David Bowie e decidiu se instalar em Berlim para fazer o novo disco. E o resultado fez bem à banda, que saiu do marasmo dos últimos dois CDs e ousou mais. O disco traz influências eletrônicas e de krautrock, aliados ao indie rock anos 90 que eles fazem tão bem e até uma pitadinha, ali no fundo, de soul music. E, principalmente, com boas músicas. 
9. Vários artistas – This is Your Life - Tribute to Ronnie James Dio (Rhino Entertainment) 

Como ninguém me disse que não, tasco um tributo nesta lista. Mas este não é qualquer um: o CD reuniu quase todo mundo que importa na música pesada para cantar a obra do mestre Dio. E, ao contrário de outros discos do tipo, as novas versões trazem novidades bem-vindas aos clássicos de Dio, Rainbow e Black Sabbath. Só o medley maravilhoso feito pelo Metallica e Rob Halford em Man on the Silver Mountain já valeria o disco, mas quase todo mundo foi muito bem, de Scorpions a Motörhead a Tenacious D, que fez um cover genial para The Last in Line. 

10. Ryan Adams  1984 (PAX AM)

Ele já fez de quase tudo na carreira, de alt country a folk a heavy metal (!). Em seu novo EP, ele resolveu surfar na praia do indie/punk americano dos anos 80, mais especificamente nas influências de Hüsker Dü e Replacements. É incrível como Adams muda a moldura sonora, mas uma coisa nunca muda: a sua capacidade em criar melodias redondíssimas e assobiáveis. Power pop punk na melhor essência. 

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