Os melhores discos de 2014

Mais um ano que se passou, e como rotina, vai se lá a minha lista com os 10 melhores discos de 2014. Clique no link abaixo e dê uma conferida:


1. Earth – Primitive and Deadly (Southern Lord Records)

Imagine se o Black Sabbath se juntasse ao Ennio Morricone para fazer a trilha sonora de uma verdadeira bad trip no deserto. Esse é o resultado de Primitive and Deadly, onde o lendário Dylan Carlson deixou o drone de lado e voltou a apostar no peso, com belíssimos e hipnóticos riffs. Com a participação de Mark Lanegan, produzido por Randall Dunn (Sunn O))), Wolves in the Throne Room, Boris) e gravado no histórico Rancho de la Luna, o álbum é sensacional do começo ao fim. Não se assuste com o tamanho das músicas, o resultado final compensa.

2. Mastodon – Once More 'Round the Sun (Reprise Records)

Os fãs xiitas falam mal, que os caras não são mais como na época do Remission, mas isso tudo é ladainha. A verdade é que a banda progride e melhora cada vez mais, se renovando na sonoridade ao mesmo tempo em que mantém a própria personalidade. Ainda continuam muito pesados, técnicos sem ser pedantes, e com riffs e refrãos cada vez mais incríveis, em sua maioria, cantados pelo ótimo baterista, Brann Dailor (o novo rei da batera para mim, atualmente). Escute e se impressione!

3. Swans – To Be Kind (Young God Records)

Não se confunda com a capa, o disco não é nem um pouco para crianças. Michael Gira nos presenteia com mais uma obra prima perturbadora. Não pense que é fácil, o som do Swans é sensorial, você tem que se dedicar e prestar a atenção as nuances sonoras e ao caos que emana do grupo. O disco dura mais de 2 horas, mas garanto, o tempo compensa. Nunca foi tão legal esperar um riff devastador em uma música de 34 minutos, ou se envolver emocionalmente no que parece ser o som de um massacre rolando. Palavras são poucas para definir o que é ouvir um álbum do Swans.

4. Ratos de Porão – Século Sinistro (Independente)

A máquina de hardcore brasileira retornou em ótima forma, soltando fogo pelas ventas. A brutalidade do som faz par com as letras, sempre atuais e diretas ao ponto. Musicalmente, o grupo pegou referências de seus discos mais antigos, como Brasil, Anarkophobia, e retomou ao crossover thrash que praticava nos anos 80. Outro detalhe é a produção, o RDP nunca soou tão pesado e cristalino instrumentalmente. Destaque ao Jão, um mestre absoluto na guitarra, que sempre tira da manga os riffs mais brutos e pesados do Brasil. Com o Ratos, a brutalidade sempre prevalece.

5. Vallenfyre – Splinters (Century Media Records)

O que esperar de um projeto que contém membros de bandas como Paradise Lost, At The Gates, My Dying Bride e Doom? Coisa ruim que não viria dessa escalação, óbvio. Vallenfyre faz o “crème de la crème” do death metal, e ainda para “piorar” o som um pouquinho, ainda mesclam seu som com aqueles “riffezinhos” crust e emulam o melhor da escola inglesa/sueca old school do estilo. Fazia anos que não me empolgava com algo do death metal, mas o play foi paixão na primeira ouvida. 

6. Eyehategod – Eyehategod (Century Media Records)

O Eyehategod ficou 13 anos sem lançar material inédito, mas os motivos disso mostram a teimosia e a superação dos caras: em 2005, os músicos perderem tudo durante o furacão Katrina, logo depois, Mike Willians ficou preso durante 91 dias após ser pego com heroína, e para completar o drama, quando estavam gravando esse disco, o baterista original Joey LaCaze faleceu. Mas esse período turbulento fez o Eyehategod gravar um dos seus melhores e mais agressivos discos. O som continua aquele sludge sujo e maldito, e se for para definir, digamos que é um Sabbath berrado, cheio de drogas e ódio, com uns toques do hardcore mais podre da face da terra. Basicamente, são 11 faixas que você consegue sentir o ódio puro emanando da música.

7. Todd Terje – It's Album Time (Olsen)

A disco music está viva e muito bem na mão de Terje Olsen, mais conhecido como Todd Terje. O produtor norueguês manja do suingue, e faz um dos discos de música eletrônica mais bacana que ouvi esse ano. O músico também flerta obviamente com a new wave, inclusive chamando o lendário Bryan Ferry (ex-Roxy Music) para participar de um cover do icônico Robert Palmer (1949 – 2003). Se você curte a era disco, e principalmente, música dançante, vai por mim e embarca nesse som. Groove é vida!

8. Flying Lotus – You’re Dead! (Warp Records)

Steven Ellison chega mais uma vez chutando a porta e cruzando as barreiras do seu hip-hop. Obcecado pelo conceito da mortalidade, o músico fez seu disco mais cabeça e experimental. Com uma sonoridade variada, Ellison flerta com jazz, soul, eletrônico, psicodélico e ainda conta com convidados como Herbie Hancock, Snoop Dogg, Kendrick Lamar, Angel Deradoorian (ex-Dirty Projectors), entre outros, para filosofar na sua música que celebra e questiona a vida. 

9. James Williamson – Re-Licked (Leopard Lady Records)

Quem é esse cara, você deve estar se perguntando. Esse foi o guitarrista que tocou no influente e fodido Raw Power, do Stooges, um dos discos mais pesados da história, lançados em 1973. Pouco? Não. O músico também tocou no álbum Kill City com o Iggy Pop, um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos. James, hoje com 65 anos e tocando com o Stooges atualmente após a morte dos irmãos Ron e Scott Asheton, resolveu lançar seu 1º disco solo. Para isso, se juntou a uma galera sensacional, com nomes como Jello Biafra, Bobby Gillespe, Ariel Pink, Alison Mosshart, Lisa Kekaula, entre outros, para regravar lados-B do Stooges. O resultado,  como é de se esperar, é fenomenal. Puro rock e proto-punk, com os riffs sempre marcantes do Sr. Williamson, um dos guitarristas mais menosprezados da história. Que o álbum faça jus a sua importância.

10. Body Count – Manslaughter (Sumerian Records)

Body Count is in the House… Again! Ouvi incrédulo esse disco e fiquei pasmo: que play fodido. Após me decepcionar com o Murder 4 Hire, de 2009, o 5º álbum do BC veio com um voadora no peito. O puro thrash hardcore meio rap dos primeiros álbuns voltaram com um vigor impressionante, e muito mais pesado. Ice-T e Ernie C escolheram bem os novos músicos do grupo, e isso fez toda a diferença e deu uma energia incrível ao disco. Belo retorno, Body “Motherfucker” Count.

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