Os melhores discos de 2012 de acordo com o jornalista Denis Moreira

Lista do jornalista Denis Moreira.




1. Bob Mould - Silver Age (Merge)

Pouca gente presta atenção nos discos solo de Bob Mould, que já foi do acústico ao eletrônico, sempre com as melodias redondíssimas que se tornaram sua marca registrada desde os tempos de Hüsker Dü. E isso é um pecado. Desta vez, porém, não teve jeito: com músicas ainda mais chicletes (no melhor sentido possível) e as levadas pop-guitar-indie que sabe fazer tão bem, a crítica e o público reconheceram este disco como um dos melhores do ano. Com toda justiça.

Ouça: The Descent


2. Van Halen - A Different Kind of Truth (Interscope)

Sempre desconfio quando uma banda retoma sua formação original. Se os integrantes não se suportavam a ponto de cada um seguir sua vida, por que a coisa fluiria bem quando todo mundo já está mais velho, rico e acomodado nos louros da fama? Mas o Van Halen calou a minha boca. Com o apoio do excelente (mesmo!) baixista Wolfgang Van Halen, filho de Eddie, os tiozinhos voltaram arrepiando geral. Um disco para fazer a nova geração do rock chorar de vergonha no cantinho.

Ouça: China Town


3. Jack White - Blunderbuss (Third Man)

Nunca curti White Stripes. No entanto, só um idiota não reconheceria que Jack White tem as manhas, como viria a mostrar com mais clareza no Racounters e nos dois excelentes CDs do Dead Weather. Em seu primeiro disco solo, o rapaz mostrou que dá para fazer rock "tradicional" e fincado no blues sem soar repetitivo ou cheio de clichês. Sem dúvida, ele é um dos grandes talentos da música surgidos nos anos 00.

Ouça: I'm Shakin'


4. SlashApocalyptic Love (Dik Hayd International)

Os dois discos irregulares do Slash's Snakepit sempre deixaram uma pulga atrás na orelha sobre as qualidades de Slash como compositor, já que no Guns N'Roses e no Velvet Revolver ele estava cercado de gente reconhecidamente competente neste quesito. Esta dúvida acabou em Apocalypse Love, que reúne hard rock, baladas e rocks moderninhos a la Aerosmith com refrões ganchudos e instrumental muito bem construído. No More Heroes e Anastasia são aulas de como fazer rock acessível sem ser bunda-mole.



5. Rush - Clockwork Angels (Anthem)

O mais recente disco do Rush colocou luz sobre um aspecto que, muitas vezes, fica em segundo plano por causa da excelência de Geddy Lee, Neil Peart e Alex Lifeson como instrumentistas. Sim, eles sabem fazer música direta, boas melodias e, principalmente, rock pra agitar. Clockwork Angels equilibra muito bem o virtuosismo e o lado emocional das composições, com uma dose extra muito bem-vinda de peso. Mais um discão de uma banda veterana num ano em que os velhinhos botaram pra f***.



6. The Hives - Lex Hives (Disque Hives)

Eu costumava classificar o Hives como uma típica "banda de coletânea", ou seja, aquelas que botam só duas ou três músicas boas em cada disco. Não é o caso de Lex Hives. Os suecos se reinventaram buscando ainda mais referências no rock clássico e, como resultado, lançaram um disco de festa que dá para rolar inteirinho sem esvaziar a pista de dança. Talvez os indies roots vão achar muito barulhento ou tosco, mas danem-se eles!



7. Linkin Park - Living Things (Warner Bros.)

O Linkin Park fugiu da fórmula new metal-pop-chatonilda do início da carreira lançando discos mais experimentais, com um pé bem fincado no eletrônico e quase sem guitarras. Agora, eles retomaram o lado mais pesadão sem esquecer das novas influências, fazendo um trabalho que reúne o melhor de todos os mundos: é viajante sem ser chato, tem peso e não é bobalhão com o Limp Bizkit, traz levadas de hip hop mais criativas que a média. Ouça sem preconceitos e perceba que eles mudaram muito - e para melhor.



8. Soundgarden - King Animal (Republic)

Muita gente reclamou que o disco novo do Soundgarden não tem a mesma pegada sabbathiana dos primórdios, mas a banda já vinha se mostrando mais diversificada em trabalhos posteriores. Em King Animal, a banda realmente pegou menos pesado, mas mostra que é possível envelhecer sem parar no tempo nem deixar de ser rock and roll. Aqui, o lance é mais Jimmy Page do que Tony Iommi: na excelente A Thousand Days Before, eles chegam a misturar Zeppelin com música indiana e baião (!).

Ouça: Rowing


9. Garbage - Not Your Kind of People (STUNVOLUME)

Não há dúvida de que 2012 foi o ano dos velhinhos: até o Rolling Stones lançou uma ótima música nova, Doom and Gloom. O Garbage é mais um exemplo disso. Eles voltaram de um longo hiato para mostrar a bandas como Metric e Crystal Castles como se mistura rock com eletrônico e pop. Not Your Kind of People tem a mesma sonoridade pop-rock-eletrônica dos anos 90, mas sem soar datado. E ainda traz uma novidade aqui outra acolá, como a levada reggae de Blood for Puppies e o peso de Man on a Wire.



10. Black Country Communion - Afterglow (J&R Adventures)

Dizem que esta história de supergrupo nunca dá certo, mas eu discordo: para cada SuperHeavy, existem ótimas bandas como Velvet Revolver, Chickenfoot e Audioslave. O Black Country Communion também é bom pra caramba. Talvez a banda mais Led Zeppelin surgida desde o "dirigível de chumbo", o BCC lançou três discos com tudo aquilo que se convencionou chamar de rock clássico: virtuosismo, vocais gritados a cargo de Glenn Hughes, trechos progressivos, influências de blues. Apenas ouça.

Ouça: Cry Freedom

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